O Papa Francisco desembarcou na quinta-feira em Seul, depois de enviar uma mensagem sem precedentes de boa vontade à China, enquanto voava sobre o país, que não permite aos católicos locais reconhecer sua autoridade.
Francisco passará cinco dias percorrendo a Coreia do Sul e se reunirá com cerca de cinco milhões de católicos na primeira viagem de um Pontífice à Ásia desde 1999.
“A ingressar no espaço aéreo chinês, estendo meu melhores desejos à sua Excelência e aos seus cidadãos, e invoco as bençãos divinas da paz e bem-estar para sua nação”, disse Francisco em uma mensagem transmitida por rádio ao presidente da China, Xi Jinping.
Pela primeira vez um Papa recebeu autorização para voar sobre a China em uma viagem para a Ásia. O Papa João Paulo II evitou o espaço aéreo, em 1999, devido a tensas relações entre Pequim e o Vaticano.
O Vaticano não tem relações formais com a China desde que o Partido Comunista tomou o poder em 1949. A Igreja Católica na China está dividida em duas comunidades: uma Igreja “oficial” conhecida como “Associação Patriótica”, que responde ao partido, e uma Igreja clandestina que jura lealdade somente ao Papa em Roma.
Francisco não mencionou a China nem a dividida Península da Coreia em sua breve conversa com jornalistas no avião, mas em seu lugar insistiu no papel da mídia para promover a paz em um mundo violento e dividido.
Que suas palavras ajudem a unir. Peço que sempre deem uma mensagem de paz, sempre busquem uma mensagem de paz porque o que está acontecendo no mundo é feio – disse.
Depois que foi informado sobre a morte de um cinegrafista de televisão em Gaza, Francisco liderou os jornalistas a bordo do avião em uma oração em silêncio durante um minuto.
O Papa foi recebido em uma base aérea de Seul pela presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye, com uma delegação de católicos sul-coreanos que incluía dois desertores norte-coreanos e familiares das vítimas do desastre com a balsa Sewol que naufragou em abril, provocando a morte de cerca de 300 passageiros, a maioria deles estudantes.
— O desastre é de partir o coração, não me esqueci das vítimas — disse o Papa Francisco a membros da delegação de boas vindas, segundo informou a agência de notícias Yonhap.
Ao deixar a base aérea, o Pontífice se deslocou em um pequeno Kia preto, especialmente construído para ele, sorridente e saudando a multidão que se reuniu na estrada para recebê-lo.
O Papa tem a intenção de enviar uma mensagem a partir de Seul, não muito longe do paralelo 38, que marca a fronteira entre as duas Coreias, para tentar contribuir para a aproximação entre o Sul e o Norte.
Franciso celebrará a Santa Missa de “paz e reconciliação” na catedral de Myeong-dong em Seul, em 18 de agosto, o ponto culminante de sua visita de cinco dias.