A visita do Papa Francisco à ilha grega de Lesbos no sábado (16) ficou marcada pelo gesto concreto de solidariedade do Papa Francisco para com os refugiados. No voo de retorno do Santo Padre para Roma seguiram viagem três famílias sírias. Ao todo, doze pessoas, incluindo seis menores. As três famílias, todas de confissão muçulmana, foram acolhidas na comunidade italiana de Santo Egídio.
A ilha grega de Lesbos é considerada “a ilha da solidariedade”, pelo modo como os seus habitantes têm acolhido os refugiados que lá têm chegado. Situada a pouco mais de 5 km da costa da Turquia, Lesbos é a “porta de entrada” para os migrantes que atravessam o mar para fugir da guerra.
Nessa realidade, o Papa quis deixar um exemplo para todo o mundo, especialmente para os países onde os refugiados têm migrado em busca de sobrevivência e paz.
No seu discurso no Campo de Refugiados de Moira, na Grécia, Francisco apelo à união de todos.
“Deus criou o gênero humano para ser uma única família; quando sofre algum dos nossos irmãos ou irmãs, todos nos ressentimos. Todos sabemos por experiência como é fácil, para algumas pessoas, ignorar as tribulações dos outros e até aproveitar-se da sua vulnerabilidade; mas sabemos também que estas crises podem fazer despontar o melhor de nós mesmos. Viste-lo em vós próprios e no povo grego, que, apesar de imerso nas suas próprias dificuldades, respondeu generosamente às vossas necessidades”, disse.
Duas das famílias são originárias de Damasco e a outra de Deir Azzor, região ocupada pelos extremistas do auto-proclamado Estado Islâmico: as três famílias tiveram as casas bombardeadas. A acolhida e ajuda às famílias ficarão a cargo do Vaticano e a hospitalidade inicial será garantida pela Comunidade de Santo Egídio.
Visita triste
Durante o voo para Lesbos o Papa manifestou o tom de sua viagem. “É uma viagem assinalada pela tristeza. E isso é importante. É uma viagem triste. Vamos encontrar a maior catástrofe humanitária após a Segunda Guerra Mundial”, falou aos jornalistas presentes no avião.
No Campo de Refugiados de Moira junto com o arcebispo ortodoxo de Atenas, Jerônimo II e o Patriarca Ecumênico de Constatinopla, Bartolomeu I, Francisco discursou a milhares de pessoas oriundas do Irão, do Afeganistão, da Síria, de África e de tantos países. Ali o Papa e os dois líderes, cumprimentaram cerca de 300 mil pessoas, um a um. “Muitos deles eram crianças e algumas dessas crianças assistiram à morte dos pais e dos seus amigos, afogados no mar”, disse o Papa. “Levei aos refugiados e ao povo grego a solidaridade da Igreja”, completou.
O encontro com as duas lideranças resultou em uma declaração conjunta.[leia aqui]