“O grande serviço que a vida consagrada presta à Igreja é a própria vida em comunidade, ou seja, em nossas casas, missões e trabalhos poderíamos colocar um objetivo especial neste ano: a vida em fraternidade vivida com carinho, sem isolamentos, cheia de atitudes de atenção e delicadeza…”, expressou, em mensagem, o arcebispo do Rio de Janeiro (RJ), cardeal Orani João Tempesta.
Em Carta Pastoral para o Ano da Vida Consagrada, proclamado pelo papa Francisco para o período de 30 de novembro de 2014 a 2 de fevereiro de 2016, dom Orani agradece aos consagrados e consagradas que dedicam suas vidas à missão da Igreja no Brasil.
O Dia Mundial da Vida Consagrada comemorado hoje, 2 de fevereiro, foi instituído por São João Paulo II em 1997. A data tem por objetivo celebrar a vida de homens e mulheres que consagraram suas vidas a Deus por meio dos votos de pobreza, obediência e castidade.
Confira a íntegra da mensagem:
GRATIDÃO, PAIXÃO, ALEGRIA E ESPERANÇA
Carta Pastoral do Cardeal Orani João Tempesta
para o Ano da Vida Consagrada
Aos irmãos e irmãs no Deus que a todos ama,
Aos sacerdotes, diáconos e consagrados,
Aos irmãos bispos auxiliares,
que tanto me auxiliam na minha missão na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro
Queridos Consagrados e Consagradas
A Alegria do Evangelho enche o meu coração de pastor neste ano tão especial para nós, religiosos, que encontramos o Cristo pobre, casto e obediente e que, de acordo com nossas regras e constituições, nos impulsiona para viver com generosidade cada instante de nossas vidas. Que neste tempo de graça e salvação, no encontro diário com nosso Mestre e Senhor, renasça sem cessar, em cada um de nós, a paixão, a alegria e a esperança[1].
Queremos, com o Papa Francisco, dar graças ao Pai, ao Filho, através de nossa plena adesão ao seu Evangelho e do serviço à sua Igreja e, de igual modo, bendizemos o Espírito Santo que nos plenifica de alegria e nos torna testemunhas do seu amor e da sua misericórdia neste belo Ano da Vida Consagrada, que teve início no último dia 30 de novembro de 2014, I Domingo do Advento, e terminará com a Festa da Apresentação de Jesus no Templo, em 02 de fevereiro de 2016. Sabemos que esta celebração, traduzida pelo povo como de Nossa Senhora das Candeias, sempre foi uma data em que grande parte dos religiosos e religiosas emitia seus votos de consagração. Eu mesmo me recordo dessa data com muito carinho, que marcou os meus primeiros e, mais tarde, definitivos votos.
3. Unimo-nos ao Papa Francisco, aos consagrados e consagradas, assim como à Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e às Sociedades de Vida Apostólica, e juntos, louvamos a Deus pela proclamação de um Ano para a Vida Consagrada [2], por ocasião do quinquagésimo aniversário da Constituição Dogmática Lumen Gentium sobre a Igreja que, no capítulo VI, trata dos religiosos, bem como do Decreto Conciliar Perfectae Caritatis, sobre a renovação da vida religiosa.
Este ano proclamado pelo Papa Francisco em sua Carta Apostólica “Às pessoas Consagradas” deverá ser uma ocasião para um aprofundamento da Vida Consagrada na Igreja. É importante refletir sobre alguns temas do Evangelho, Profecia e Esperança! Isso tudo nos convida a um tempo de meditação e atitudes concretas, agradecendo pelo dom da vida religiosa e outras formas de vida consagrada em nossa Arquidiocese, em sua história marcada por esta presença desde os inícios e ainda hoje, nos atuais desafios da “mudança de época” cultural.
Este tempo é uma oportunidade de testemunharmos a possibilidade da construção da paz em nosso país (Ano da Paz proclamado pela CNBB), e de alimentar a esperança em tempos novos (Ano da Esperança na Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro) sempre tendo Cristo, nossa paz, como razão e fundamento de nossa esperança. Ao fazer memória da história dessa “Cidade Maravilhosa” em seus 450 anos atualmente celebrados, vemos com muita alegria a presença da vida consagrada desde o início no anúncio de Cristo, levando as pessoas à fé e contribuindo na construção de uma cultura de paz, educando gerações de cristãos nos valores da vida humana.
A vivência do Cristo pobre, casto e obediente deve ser sempre possibilitadora de liberdade interior e exterior para atitudes de evangélica radicalidade na direção da paz e, com isso, suscitar esperança nos corações de quem sofre. A consagração manifesta-se no testemunho pessoal e comunitário. Tal realidade em nossos dias, tão marcados por perplexidades, é um sinal fecundo de paz e de esperança. Que cada consagrado faça de sua vida um exemplo forte de sonho e ação pela paz, num caminhar sempre pautado na esperança.
Seguindo fielmente o ensinamento do Papa Francisco, e em plena comunhão com o Magistério de São João Paulo II, repetimos a orientação da Exortação Apostólica pós-sinodal Vita Consecrata: “Vós não tendes apenas uma história gloriosa para recordar e narrar, mas uma grande história a construir! Olhai para o futuro, para o qual vos projeta o Espírito a fim de realizar convosco ainda coisas maiores”. [3] E é com perspectiva de futuro que olho esta oportunidade que se delineia a nossa frente nesta região metropolitana, que é uma verdadeira vitrine para o mundo.